quinta-feira, 2 de maio de 2013



EVANGELHO DA SEMANA


“Continuidade com o Espírito”  Jô 14,23-29


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.23 Disse Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada.24 Aquele que não me ama não guarda as minhas palavras. A palavra que tendes ouvido não é minha, mas sim do Pai que me enviou.25 Disse-vos estas coisas enquanto estou convosco.26 Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito.27 Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe o vosso coração, nem se atemorize!28 Ouvistes que eu vos disse: Vou e volto a vós. Se me amardes, certamente haveis de alegrar-vos, que vou para junto do Pai, porque o Pai é maior do que eu.29 E disse-vos agora estas coisas, antes que aconteçam, para que creiais quando acontecerem.Palavra da Salvação.



COMENTOContinuando a caminhada pascal em preparação para a Ascensão do Senhor e pentecostes, a liturgia da palavra nos prepara para continuarmos nossa missão como Igreja. João em seu Evangelho mais uma vez fortalece a fé da comunidade e indica os caminhos que devemos seguir. São orientações aparentemente inocentes e esparsas, mas de profunda importância para os indivíduos e para a comunidade que deseja continuar caminhando com Cristo.O Evangelho novamente começa com a temática do amor que é um tema importantíssimo para a comunidade do discípulo amado. O amor é o distintivo do cristão como vimos no domingo passado. Se alguém ama Jesus guardará sua palavra. O amor é que vai fortalecer a vontade do indivíduo de continuar guardando o que aprendeu. Sem amor verdadeiro, as palavras de Jesus e seus ensinamentos facilmente serão substituídos por outros discursos mais atrativos que sempre encontraremos.O discípulo que não ama troca Jesus e a Palavra pelos amigos, troca a Missa pelo futebol ou pelo passeio. Troca o amor verdadeiro pelas ilusões passageiras que tiram as virtudes do ser humano. É por isso que a primeira exortação do Evangelho de hoje segue nesse sentido.O amor é uma escolha que se faz e é por ele que teremos o termômetro para a comunidade cristã. Aquele que ama guardará a Palavra e receberá o amor do Pai, mais ainda, receberá a presença da trindade que fará a diferença em todos os momentos. O cristão sempre começa e termina suas celebrações em nome da trindade indicando a presença de Deus em suas atividades. Mais profundo é o ensinamento do Evangelho com a promessa da trindade fazendo morada na vida de quem ama.Certamente nós, como cristãos católicos, temos o costume de fazer o sinal da cruz em muitos momentos: quando nos levantamos, comemos, começamos trabalhar ou quando fazemos uma viagem. É um costume bonito, mas nos trás uma grande responsabilidade. Cada vez que fazemos isso, estamos lembrando a promessa de Jesus de morar em nós. Quer dizer que nossos gestos e ações, a partir dessa promessa de Jesus são permeados por Deus. Então precisamos rever nossas ações para que sejam ações de amor porque o Deus que está em nós é amor como nos ensina João.Quantas vezes nós fazemos o sinal da cruz e saímos por ai maltratando as pessoas, falando coisas más e outras coisas. Se fizermos isso estamos agindo sem amor e ai os nossos atos são por nossa conta. Porem, quando há amor no que fazemos, é Deus que age em nós porque faz morada em nós. É preciso tomar cuidado, é preciso amar, caso contrário estaremos prejudicando a presença de Deus que deveria agir em nós.A segunda promessa de Jesus é o envio do Espírito Santo para defender e ensinar tudo o que Jesus revelou. O Espírito não vem para tomar o lugar de Jesus, mas para dar continuidade na missão querida pelo Pai e realizada pelo Filho. É a trindade agindo para a salvação do mundo e para o bem da comunidade. E é o Espírito que continua a missão defendendo e ensinando. Incentivando os discípulos e atualizando a comunidade nos ensinamentos.É importante notar que o Evangelista diz que o Espírito Santo ensinará tudo e recordará tudo (J 14 26) o que Jesus falou. Quer dizer que ainda não compreendemos tudo e precisamos da abertura ao Espírito para assimilar o que ele nos tem a ensinar. O Espírito santo revelará o que precisamos em nosso tempo para continuarmos a missão, mas não esgotará o ensinamento porque nossa inteligência é muito frágil para captar tudo de uma só vez.Na história da Igreja é fecunda ação do Espírito Santo, mas precisamos estar atentos para sua ação no mundo. O revelar tudo não quer dizer que uma inteligência humana é capaz de abranger todo o ensinamento. O tudo do Evangelho indica uma revelação gradual que vai suprindo a humanidade de acordo com suas necessidades e assim levando a crescer. Não é uma mente sozinha que compreenderá tudo, mas a humanidade que caminha na presença do Espírito e de suas inspirações.Precisamos tomar cuidado para não cairmos no fundamentalismo arrogante que prevê a compreensão total de toda a revelação e reduz a missão do Espírito ao capricho de uma mente insana. Essas verdades não são do Espírito, mas de uma mentalidade condicionada pelo tempo e pelas circunstâncias desse tempo. Não podemos fechar o Espírito Santo numa gaiola para que satisfaça nossos caprichos. Hoje Ele nos revela o que nós precisamos, como ontem revelou o que a humanidade precisou e amanhã revelará o que a humanidade precisará. É assim que iremos como comunidade crescendo na revelação. É por isso que precisamos caminhar atentos ao que já foi revelado pela tradição e de coração aberto e humilde ao que o Espírito nos fala. É assim que iremos compreendendo tudo o que Ele nos tem a revelar.A última promessa de Jesus é a paz diferente da paz do mundo. O Evangelho é escrito no período da (pax romana) que sustenta uma suposta paz a base do pão e circo. É uma paz imposta pela força e pela alienação que sujeita as pessoas a uma tranqüilidade aparente para evitar conflitos. A paz de Jesus é diferente porque envolve o ser humano inteiro com sua consciência e ação. A paz da comunidade tem um rosto, tem uma personalidade, tem uma mensagem e se chama Jesus.A paz de Jesus muitas vezes incomoda e desacomoda o cristão em sua vida. Não é uma ilusão, mas uma realidade concreta que só acontece com compromisso e adesão ao projeto que nos propõe. É por isso que também vemos uma exortação de Jesus que pede a não perturbação do coração e ao mesmo tempo a não timidez. Um coração perturbado é um coração inseguro sem um rumo certo. Um coração tímido é um coração incapaz de tomar atitudes.É por isso que precisamos firmar nosso coração em Cristo que é o centro de equilíbrio para toda a ação. Nele teremos a segurança que precisamos e a força para a ação tão necessária. É assim que conseguiremos a paz prometida por Jesus. A paz que nos acalma nas incertezas e que nos incentiva nos desânimos. Uma paz que nos compromete a partir do interior não sendo assim aparente como a paz do mundo. A promessa do Espírito que Jesus nos fez nos conduzirá nos momentos difíceis da vida da comunidade. Que o tempo pascal seja para nós tempo de fortalecimento de nossa fé na presença do Cristo perpetuada no Espírito Santo.


Deus abençoe a todos.Padre Reginaldo Antonio Ghergolet. 



 postagem: Lucineia Martim

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