sexta-feira, 17 de maio de 2013


EVANGELHO DA SEMANA



Solenidade de Pentecostes

“O Espírito e a Comunidade Humana” Jô 20,19-23

19Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”.
20Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor.
21Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”.
22E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. 23A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos”.

COMENTO:

A festa de pentecostes no calendário judaico é a festa das colheitas celebrada cinqüenta dias depois da páscoa, que recebeu o nome pentecostes a partir da dominação grega. É a festa em que celebra a colheita dos frutos da terra e se rende ação de graças a Deus por tais frutos. Para nós, é a solenidade em que colhemos os frutos da presença do Espírito Santo na comunidade Igreja. Frutos que a cada ano renova as disposições de cada ser humano e os impulsiona a uma nova maneira de construir o Reino. Celebrar o Pentecostes é celebrar a dinamicidade da nossa fé, de nossa maneira de ser Igreja participando da colheita dos dons que o Espírito disponibiliza de forma sempre nova na Igreja de Cristo.
O Evangelho de hoje nos apresenta uma comunidade humana vivendo sua humanidade de forma fecunda para nossa reflexão. As portas estavam fechadas por medo dos judeus. Uma situação humana de medo, de angústia e de auto-proteção. Estavam com medo, mas estavam reunidos para se proteger. Mesmo nas situações difíceis, a comunidade nos fortalece, nos protege e nos faz sentir seguro. Esta comunidade é a Igreja nascente que com um gesto humano tem algo importante a nos ensinar.
Nós vivemos uma época onde as pessoas tendem a se isolarem umas das outras e cada um vive seu problema de forma individual. O medo, a angústia, as incertezas são realidades que todo o ser humano precisa enfrentar. O Evangelista coloca a comunidade aflita, mas reunida para nos dizer que ela é importante principalmente nesses momentos difíceis. É na comunidade que comunicamos com os outros, que partilhamos nossas angústias e é na comunidade que encontraremos uma luz para nossa dificuldade. Portanto, o isolamento não é querido pelo Evangelho, mas o envolvimento da comunidade diante do mesmo problema.
A comunidade é onde todos se colocarão diante de uma situação e onde todos se unirão para superá-la. Minha mãe sempre dizia que várias cabeças pensam melhor que uma. É por isso que devemos nos envolver com uma comunidade porque ela é o lugar onde superaremos as dificuldades, é onde comunicaremos nossas angústias e seremos sustentados pelas amizades e apoio dos que às vezes vivem a mesma situação que nós. Na comunidade o problema se torna menor. Se não temos uma comunidade, se não estou engajado em uma pastoral ou movimento, se não participo em nada que minha comunidade oferece, é hora de refletir. O Evangelho nos indica.
A comunidade Igreja está reunida em dificuldade e é nela que Jesus se apresenta. O Evangelista fala que Jesus veio e se colocou no meio deles. Não apareceu e desapareceu como um fantasma, mas se aproximou para falar com eles, com a comunidade. Isso tem um sentido muito profundo para o Evangelista porque indica que Jesus sempre está presente na vida da Igreja em todos os momentos. Não é uma realidade que aparece e desaparece, mas  uma presença fecunda que se manifesta nos momentos mais cruciais da nossa história para nos falar e comunicar o que precisamos.
A Eucaristia é uma forma profunda dessa presença, a proclamação da Palavra também. Os sacramentos e a celebração da Santa missa indicam uma presença constante e fortalecedora como propõe o Evangelho. Tudo o que fazemos como comunidade e como Igreja, fazemos na presença de Jesus que se manifesta de forma tranqüila e vivificadora. “Onde um ou dois estiverem reunidos em meu nome ai estarei”(Mt 18,20). Vale a pena se orientar nesse sentido lendo (Jô 15, 7-17).
A presença de Jesus dentro da comunidade traz consigo uma missão para a mesma. São quatro aspectos que ele transmite, a saber: a paz, a missão, o Espírito Santo e o poder de perdoar o pecado.
A paz que Jesus transmite não é uma paz que acomoda e que isola a pessoa dos conflitos. É uma paz que impulsiona a sair, a abrir as portas que estão fechadas e enfrentar os problemas da vida. Uma paz que não descarta o sofrimento, mas o incorpora a situação humana e busca forças para viver essa realidade. Tanto que após transmitir a paz Jesus mostra as mãos e o lado, suas feridas causada pela falta de amor da humanidade. Depois de mostrar esta realidade confirma a paz novamente.
A paz de Jesus não nos isenta das feridas e das dificuldades, mas brota da certeza de sua presença. Presença esta que se dá não de forma individual, mas na comunidade. É na comunidade que devemos buscar a paz porque foi para ela que Jesus a deu. Mesmo que eu tenha de enfrentar os desafios de sentir essa paz, é lá que colherei os frutos dessa realidade transmitida por Jesus. O principal fruto é a alegria para aqueles que experimentam essa paz.
Jesus também transmite para a comunidade uma missão. Envia todos da mesma forma que o Pai lhe enviou. No Evangelho de João vemos Jesus falando que ele e o Pai são um (Jo 10,30). Da mesma forma que o Pai lhe enviou a fazer sua vontade, nós como comunidade somos enviados para fazer a vontade de Jesus. Nosso desafio é fazer a pergunta: qual a vontade de Jesus? Não é difícil descobrir o que Jesus nos pede. O amor, o perdão, a misericórdia e muitas outras coisas. Essa realidade é muito forte no Evangelho de João. É assim que somos chamados a viver.
Todos nós como Igreja temos uma missão e as vezes estamos cumprindo. Mesmo assim precisamos fazer a pergunta: o que fazemos é o que Jesus nos pede? Se nossas ações estão cheias de intenções individuais, se estão cheias de objetivos tendenciosos. Se penso mais a partir das minhas concepções do que da necessidade da comunidade ou das disposições do Evangelho, não estou sendo uma extensão de Jesus e estou sendo missionário de mim mesmo, não obedecendo o que Jesus nos pede no Evangelho de hoje. Somos enviados a ser como Jesus, reflitamos sobre isso.
Jesus também transmite o Espírito Santo por intermédio do sopro. Faz uma alusão do primeiro ato criador de Deus para com a humanidade soprando sobre a comunidade (Gn 2,7). Jesus é quem por intermédio do Espírito Santo recria a humanidade dando a ela uma nova perspectiva de vida. É o Espírito que vindo sobre a comunidade a fortalece e a impulsiona a abrir as portas e ver o mundo diferente.
O Espírito Santo é transmitido para a comunidade de forma coletiva, mas atinge cada ser humano de forma individual. É Ele que vai dinamizar cada potencialidade e levar ao enfrentamento das dificuldades. A comunidade é feita de pessoas e cada pessoa tem sua característica própria. O Espírito vai agir nessa característica e vai renovar o ânimo para que esse dom seja posto em favor da humanidade. O Espírito transmite, ele não resolve os problemas da humanidade por si mesmo, mas leva a humanidade a potencializar aquilo que já possui para o bem de todos. O Espírito com a ajuda da comunidade humana modifica todas as coisas mesmo que aos nossos olhos tudo pareça perdido. É assim que Deus age, é assim que o Evangelho nos orienta.
Por fim, Jesus transmite o poder de perdoar os pecados. Algo que no Antigo Testamento era reservado a Deus, aqui a comunidade é revestida desse poder. O poder de perdoar os pecados é um verdadeiro assombro que perturba a comunidade humana (Mc 2,7). Nenhum outro poder é transmitido, mas o de perdoar.
O perdão é uma realidade que deve ser vivenciado na comunidade. Às vezes somos chamados a perdoar a nós mesmos, mas o apelo do Evangelho é que exerçamos também esse poder na comunidade. Em comunidade. Perdoa-se uns aos outros e assim o poder é vivenciado. O pecado é a realidade que mais fere a humanidade em sua dignidade. O pecado destrói todo tipo de comunidade e temos o poder para superar isso. “Errar é humano, perdoar é preciso” nos ensina o compositor e guitarrista jamaicano Bob Marley. Precisamos perdoar porque foi uma missão que recebemos e é o único poder que Jesus nos dá. Poder de mudar o mundo, mudar nossa vida com o perdão.
A função de Igreja é criar condições para que o Espírito entre no coração das pessoas, das comunidades e assim fazer com que o pecado deixe de existir. Os pecados serão perdoados ou serão retidos se a comunidade, se a Igreja  cumprir ou não cumprir a missão dada por Jesus.
Enfim, vivenciar o pentecostes é se abrir para o Espírito de forma individual e coletiva. É ser disponível para que Deus possa agir no mundo por intermédio de nós. É colher os frutos dessa solenidade e ao mesmo tempo deixar a humanidade usufruir desse fruto que o Espírito nos traz. É o que Jesus espera de nós, por isso, comunicou o Espírito para que fiquemos juntos e abramos as portas para os outros.

Boa semana a todos
Padre Reginaldo Antonio Ghergolet

sexta-feira, 10 de maio de 2013


EVANGELHO DA SEMANA


“Plena comunhão com Deus” Lc 24,46-53

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos:
46“Assim está escrito: O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia 47e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém.
48Vós sereis testemunhas de tudo isso. 49Eu enviarei sobre vós aquele que meu Pai prometeu. Por isso, permanecei na cidade, até que sejais revestidos da força do alto”.
50Então Jesus levou-os para fora, até perto de Betânia. Ali ergueu as mãos e abençoou-os. 51Enquanto os abençoava, afastou-se deles e foi levado para o céu. 52Eles o adoraram.
Em seguida voltaram para Jerusalém, com grande alegria. 53E estavam sempre no Templo, bendizendo a Deus. 


COMENTO:

A solenidade da ascensão do Senhor fortalece a nossa esperança e tem a função de nos orientar em nossa caminhada cristã. É a solenidade da comunhão plena com Deus e assim também a festa da comunhão plena com os irmãos que seguem Jesus. É momento de olhar para o que realmente é importante para nossa fé, a saber: a união de cristo a Deus, e assim diminuir nossas diferenças mesquinhas entre segmentos religiosos ou pensamentos diferentes.
O Evangelho de hoje é a finalização da narração de Lucas. É o fim da caminhada de Jesus junto a seus discípulos e o início de uma caminhada diferente da Igreja nascente. É a tentativa de conscientizar os seguidores de Jesus da missão que lhes espera. Tudo o que aprenderam com Jesus em vida é retomado e evidenciado. A responsabilidade dos discípulos é testemunhar isso tudo no mundo a começar por Jerusalém.
Jerusalém para o Evangelista Lucas é o ponto de chegada e o ponto de partida de tudo. No Evangelho Jesus faz uma caminhada com os discípulos com o desejo de chegar a Jerusalém que é o lugar do sofrimento, da cruz, mas também do cumprimento da missão. É também de Jerusalém que parte a Evangelização para o resto do mundo como vemos na narrativa dos atos dos apóstolos.
O trecho de hoje no Evangelho é a tomada de consciência disso tudo que todo  o discípulo precisa ter. Sem isso, não há evangelização fecunda, não há Reino de Deus. Jesus sobe definitivamente a Deus e entra no mundo de Deus. É a concretização da fé, da plena comunhão entre o Filho e o Pai. É a realização para todo o discípulo da certeza de um dia também fazer essa comunhão. É isso que vai levar a comunidade a caminhar fortalecida na fé.
A ascensão de Cristo é também nossa ascensão, é isso que nos ensinam os antigos cristãos e é isso que professamos em nosso credo. “ressuscitou e subiu aos céus , está sentado à direita do Pai”. É a fé da Igreja, mas é também a fé que professamos individualmente fortalecendo essa certeza de nossa ascensão.
Santo Agostinho nos ensina: “Assim como Ele ascendeu sem se afastar de nós, nós já estamos ali com Ele, também quando ainda não se tenha realizado em nosso corpo o que nos foi prometido”. Pela fé vivemos antecipadamente a ascensão testemunhando aqui e agora o que nos aguarda. É a vida plena vivida a cada momento de comunhão sendo a comunhão dos homens de fé a mesma comunhão de Jesus com Deus Pai.
Jerusalém é o lugar em que se testemunha o cumprimento da missão de Jesus, a ressurreição. É pois o lugar onde também se começa a testemunhar. Jerusalém aqui não é somente um lugar geográfico para o Evangelista, é o ponto de partida para toda missão. Missão essa que não vai ser cumprida de qualquer jeito, mas com a presença do Espírito Santo.
A força do alto que virá irá fortalecer os discípulos para que testemunhem plenamente a fé. Jesus se afasta dos discípulos mas ao mesmo tempo continua presente pelo Espírito. Cada ato, cada palavra será a continuação do que foi ensinado e a concretização do que espera todos os que tem fé. O Espírito é a força e a ascensão é o motivo que os leva a caminhar até os confins do mundo.
A segunda parte do Evangelho nos mostra Jesus em Betânia abençoando os discípulos e subindo aos céus. Todos se prostravam, mas depois voltavam para Jerusalém. É a separação física dos discípulos, mas a união plena espiritual. Voltam para Jerusalém, para a fonte da fé de todos eles, para a certeza que Jesus cumprira a missão e agora confiava a eles a continuidade da tarefa. Não voltam de qualquer forma, mas com a alegria da certeza de algo grandioso. É isso que  sempre motivou e motiva a Igreja.
Estar continuamente no templo louvando a Deus é estar sempre em oração relembrando o que foi aprendido e fortalecendo a fé para colocar em prática. É essa a dinâmica que a solenidade da ascensão nos oferece. Fortalecer nossa vida na fé e ao mesmo tempo continuar caminhando, evangelizando, amando.
É momento de toda a humanidade olhar para o céu e pela fé perceber Jesus entrando em comunhão com Deus. É momento de todos os cristãos perceberem a grandiosidade do que nos espera e acabar com as diferenças e unir as forças para o cumprimento da missão que Jesus nos deixou. O que nos une - a esperança da ascensão - é mais importante do que nos separa - nossas diferenças. Se entendermos isso teremos motivos de sobra para lutar com alegria por um mundo melhor e valeu a pena celebrar essa solenidade.

Boa semana a todos.
Padre Reginaldo Antonio Ghergolet.

postagem: Lucinéia Martim

quinta-feira, 2 de maio de 2013



EVANGELHO DA SEMANA


“Continuidade com o Espírito”  Jô 14,23-29


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.23 Disse Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada.24 Aquele que não me ama não guarda as minhas palavras. A palavra que tendes ouvido não é minha, mas sim do Pai que me enviou.25 Disse-vos estas coisas enquanto estou convosco.26 Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito.27 Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe o vosso coração, nem se atemorize!28 Ouvistes que eu vos disse: Vou e volto a vós. Se me amardes, certamente haveis de alegrar-vos, que vou para junto do Pai, porque o Pai é maior do que eu.29 E disse-vos agora estas coisas, antes que aconteçam, para que creiais quando acontecerem.Palavra da Salvação.



COMENTOContinuando a caminhada pascal em preparação para a Ascensão do Senhor e pentecostes, a liturgia da palavra nos prepara para continuarmos nossa missão como Igreja. João em seu Evangelho mais uma vez fortalece a fé da comunidade e indica os caminhos que devemos seguir. São orientações aparentemente inocentes e esparsas, mas de profunda importância para os indivíduos e para a comunidade que deseja continuar caminhando com Cristo.O Evangelho novamente começa com a temática do amor que é um tema importantíssimo para a comunidade do discípulo amado. O amor é o distintivo do cristão como vimos no domingo passado. Se alguém ama Jesus guardará sua palavra. O amor é que vai fortalecer a vontade do indivíduo de continuar guardando o que aprendeu. Sem amor verdadeiro, as palavras de Jesus e seus ensinamentos facilmente serão substituídos por outros discursos mais atrativos que sempre encontraremos.O discípulo que não ama troca Jesus e a Palavra pelos amigos, troca a Missa pelo futebol ou pelo passeio. Troca o amor verdadeiro pelas ilusões passageiras que tiram as virtudes do ser humano. É por isso que a primeira exortação do Evangelho de hoje segue nesse sentido.O amor é uma escolha que se faz e é por ele que teremos o termômetro para a comunidade cristã. Aquele que ama guardará a Palavra e receberá o amor do Pai, mais ainda, receberá a presença da trindade que fará a diferença em todos os momentos. O cristão sempre começa e termina suas celebrações em nome da trindade indicando a presença de Deus em suas atividades. Mais profundo é o ensinamento do Evangelho com a promessa da trindade fazendo morada na vida de quem ama.Certamente nós, como cristãos católicos, temos o costume de fazer o sinal da cruz em muitos momentos: quando nos levantamos, comemos, começamos trabalhar ou quando fazemos uma viagem. É um costume bonito, mas nos trás uma grande responsabilidade. Cada vez que fazemos isso, estamos lembrando a promessa de Jesus de morar em nós. Quer dizer que nossos gestos e ações, a partir dessa promessa de Jesus são permeados por Deus. Então precisamos rever nossas ações para que sejam ações de amor porque o Deus que está em nós é amor como nos ensina João.Quantas vezes nós fazemos o sinal da cruz e saímos por ai maltratando as pessoas, falando coisas más e outras coisas. Se fizermos isso estamos agindo sem amor e ai os nossos atos são por nossa conta. Porem, quando há amor no que fazemos, é Deus que age em nós porque faz morada em nós. É preciso tomar cuidado, é preciso amar, caso contrário estaremos prejudicando a presença de Deus que deveria agir em nós.A segunda promessa de Jesus é o envio do Espírito Santo para defender e ensinar tudo o que Jesus revelou. O Espírito não vem para tomar o lugar de Jesus, mas para dar continuidade na missão querida pelo Pai e realizada pelo Filho. É a trindade agindo para a salvação do mundo e para o bem da comunidade. E é o Espírito que continua a missão defendendo e ensinando. Incentivando os discípulos e atualizando a comunidade nos ensinamentos.É importante notar que o Evangelista diz que o Espírito Santo ensinará tudo e recordará tudo (J 14 26) o que Jesus falou. Quer dizer que ainda não compreendemos tudo e precisamos da abertura ao Espírito para assimilar o que ele nos tem a ensinar. O Espírito santo revelará o que precisamos em nosso tempo para continuarmos a missão, mas não esgotará o ensinamento porque nossa inteligência é muito frágil para captar tudo de uma só vez.Na história da Igreja é fecunda ação do Espírito Santo, mas precisamos estar atentos para sua ação no mundo. O revelar tudo não quer dizer que uma inteligência humana é capaz de abranger todo o ensinamento. O tudo do Evangelho indica uma revelação gradual que vai suprindo a humanidade de acordo com suas necessidades e assim levando a crescer. Não é uma mente sozinha que compreenderá tudo, mas a humanidade que caminha na presença do Espírito e de suas inspirações.Precisamos tomar cuidado para não cairmos no fundamentalismo arrogante que prevê a compreensão total de toda a revelação e reduz a missão do Espírito ao capricho de uma mente insana. Essas verdades não são do Espírito, mas de uma mentalidade condicionada pelo tempo e pelas circunstâncias desse tempo. Não podemos fechar o Espírito Santo numa gaiola para que satisfaça nossos caprichos. Hoje Ele nos revela o que nós precisamos, como ontem revelou o que a humanidade precisou e amanhã revelará o que a humanidade precisará. É assim que iremos como comunidade crescendo na revelação. É por isso que precisamos caminhar atentos ao que já foi revelado pela tradição e de coração aberto e humilde ao que o Espírito nos fala. É assim que iremos compreendendo tudo o que Ele nos tem a revelar.A última promessa de Jesus é a paz diferente da paz do mundo. O Evangelho é escrito no período da (pax romana) que sustenta uma suposta paz a base do pão e circo. É uma paz imposta pela força e pela alienação que sujeita as pessoas a uma tranqüilidade aparente para evitar conflitos. A paz de Jesus é diferente porque envolve o ser humano inteiro com sua consciência e ação. A paz da comunidade tem um rosto, tem uma personalidade, tem uma mensagem e se chama Jesus.A paz de Jesus muitas vezes incomoda e desacomoda o cristão em sua vida. Não é uma ilusão, mas uma realidade concreta que só acontece com compromisso e adesão ao projeto que nos propõe. É por isso que também vemos uma exortação de Jesus que pede a não perturbação do coração e ao mesmo tempo a não timidez. Um coração perturbado é um coração inseguro sem um rumo certo. Um coração tímido é um coração incapaz de tomar atitudes.É por isso que precisamos firmar nosso coração em Cristo que é o centro de equilíbrio para toda a ação. Nele teremos a segurança que precisamos e a força para a ação tão necessária. É assim que conseguiremos a paz prometida por Jesus. A paz que nos acalma nas incertezas e que nos incentiva nos desânimos. Uma paz que nos compromete a partir do interior não sendo assim aparente como a paz do mundo. A promessa do Espírito que Jesus nos fez nos conduzirá nos momentos difíceis da vida da comunidade. Que o tempo pascal seja para nós tempo de fortalecimento de nossa fé na presença do Cristo perpetuada no Espírito Santo.


Deus abençoe a todos.Padre Reginaldo Antonio Ghergolet. 



 postagem: Lucineia Martim